Leão XIV – A eleição do cardeal Ravasi apresenta um enredo que nasceu ainda em 2018, quando Mailson Ramos imaginou a ascensão de um Patriarca de Veneza ao trono de Pedro em meio a um conclave marcado por tensões internas e disputas silenciosas. O protagonista, Giuseppe Ravasi, é retratado como um cardeal progressista, atento às demandas do mundo contemporâneo e convicto da necessidade de uma atualização profunda da mensagem da Igreja. Seu futuro nome papal, Leão XIV, simboliza força e renovação, refletindo o espírito transformador que guia sua jornada.
A narrativa se inicia com a morte inesperada do papa reinante, desencadeando a movimentação dos cardeais rumo a Roma. Ravasi tenta evitar que sua candidatura ganhe corpo, ciente de que sua visão pastoral não é bem aceita por setores conservadores da Cúria. No entanto, alianças inesperadas, cálculos diplomáticos e circunstâncias que fogem ao seu controle acabam posicionando-o como uma alternativa capaz de romper o impasse crescente entre as diferentes alas do colégio cardinalício.
Durante o conclave, o leitor acompanha as negociações discretas, os confrontos ideológicos e as estratégias subterrâneas que moldam as votações. A obra explora com riqueza os bastidores do processo: cardeais que articulam blocos de influência, conservadores que tentam frear qualquer sinal de avanço e moderados que buscam preservar uma frágil unidade. No meio desse cenário, Ravasi se destaca como uma figura que desperta confiança sem necessariamente ambicionar o poder.
Após sua eleição, a trama avança para o pontificado de Leão XIV dentro da ficção — muito distinto do Leão XIV da realidade. Enquanto o papa Prevost é moderado, equilibrando tradição e diálogo, o Ravasi da narrativa assume um projeto ousado de reforma. Sua visão se sintetiza na encíclica Renovatio Ecclesiae, documento que propõe uma renovação teológica, pastoral e estrutural da Igreja, abrindo caminho para a convocação do Concílio de Veneza.
O Concílio se torna o grande eixo dramático da segunda metade do livro. A proposta causa entusiasmo em alguns cardeais, mas desperta forte resistência em outros. Tensões internas, debates acalorados, disputas midiáticas e pressões geopolíticas passam a cercar o pontificado. Ravasi precisa enfrentar forças contrárias que temem a amplitude das reformas, equilibrando convicção e prudência enquanto conduz um processo de transformação sem precedentes.
Ao longo da narrativa, Mailson Ramos constrói um thriller político-religioso que combina intriga, espiritualidade e reflexão. Leão XIV – A eleição do cardeal Ravasi mostra como o pontificado ficcional se torna um símbolo das contradições e esperanças da Igreja contemporânea. É uma história que conversa com acontecimentos reais, mas segue seu próprio caminho, explorando o peso de liderar uma instituição milenar em um momento decisivo para sua identidade e seu futuro.
