Leão XIV: os personagens da obra

O protagonista da trama é o cardeal Giuseppe Ravasi, Patriarca de Veneza, um prelado de 49 anos que desponta como o favorito silencioso no conclave. Descrito como um homem de cultura teológica e sensibilidade pastoral, ele representa o equilíbrio entre a tradição e a renovação da Igreja. Ravasi é inicialmente relutante em assumir o papado, sentindo o peso da responsabilidade e o medo do isolamento, mas acaba aceitando a eleição e escolhendo o nome de Leão XIV, iniciando um pontificado marcado por reformas audaciosas.

O falecido papa Gregório XVII (Giovanni Maria Bonomi Orsini) é a figura que impulsiona a narrativa mesmo após sua morte. Mentor de Ravasi, ele deixou preparada a encíclica Renovatio Ecclesiae, escrita a quatro mãos com o protagonista, que serve como base teórica para a atualização da Igreja. Suas últimas palavras antes de morrer foram justamente o nome de Ravasi, indicando seu desejo para a sucessão.

Gianbattista Pozzo é o camerlengo e o grande estrategista político por trás da eleição. Homem influente e dotado de autoridade natural, ele articula nas sombras para construir a maioria necessária para Ravasi, desviando a atenção da imprensa para outros nomes. Após a eleição, Pozzo se aposenta, mas mantém uma relação quase paternal com o novo papa, servindo como conselheiro e confidente.

O principal antagonista ideológico é o Cardeal Peter Cole, um inglês conservador e austero que defende o retorno às tradições pré-conciliares. Inicialmente apontado pela mídia como favorito, Cole vê a Igreja moderna como ameaçada. Surpreendentemente, após a eleição, Leão XIV o convida para ser Secretário de Estado numa manobra ousada de trazer o inimigo para perto, embora Cole acabe renunciando ao cargo por não concordar com o novo concílio.

Michelle Marini é uma jornalista ítalo-brasileira e vaticanista do Corriere della Sera, além de amiga de Ravasi há décadas. Ela representa o olhar externo sobre o Vaticano, servindo como um ponto de equilíbrio e sinceridade para o protagonista, longe das intrigas da cúria. Michelle é a única que consegue acessar o lado humano do papa, jantando com ele e discutindo as repercussões de suas decisões na imprensa.

O cardeal Dom Walter de Mendonça, Primaz do Brasil, é um dos aliados mais fiéis de Ravasi. Com uma personalidade calorosa e carismática, típica dos latinos, ele contrasta com a rigidez europeia e lembra o protagonista do peso espiritual de sua missão. No governo de Leão XIV, ele assume um papel central como prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral.

Outro aliado crucial é o cardeal Carlos Canali, arcebispo de Buenos Aires. Representante da ala jesuítica, Canali é analítico, prudente e observador das dinâmicas do colégio cardinalício. Ele faz parte do grupo de apoio sul-americano e é promovido pelo novo papa para substituir o cardeal Guise no importante Dicastério para os Bispos.

Matteo Spina inicia a história como Patriarca Latino de Jerusalém, sendo um especialista em ecumenismo e diplomacia no Oriente Médio. Devido à sua origem veneziana e competência, Leão XIV o nomeia como o novo Patriarca de Veneza, encarregando-o de preparar a cidade e a basílica de São Marcos para sediar o histórico Concílio de Veneza.

Paolo Tommasi figura como o Secretário de Estado do pontificado anterior e guardião da encíclica Renovatio Ecclesiae. Embora fosse um homem forte da cúria e esperasse continuidade, ele é vítima da estratégia de renovação de Leão XIV: é removido de seu cargo central no Vaticano e enviado para ser arcebispo de Nápoles, sob a máxima do “promoveatur ut amoveatur” (promover para remover), demonstrando a autoridade do novo papa.

Os cardeais Benedetto Pizzardo e Carlo Fossatti operam como peças fundamentais nos bastidores da Cúria, sendo descritos carinhosamente pelo falecido papa como “velhas ratazanas do Arquivo Apostólico” devido ao profundo conhecimento que possuem da história da Igreja. Eles foram encarregados por Gregório XVII de pesquisar os caminhos históricos das reuniões episcopais, fornecendo a base teórica necessária para a futura convocação de um novo concílio.

Durante o período de Sede Vacante e o conclave, ambos atuam no círculo de confiança do camerlengo Pozzo, ajudando a desviar votos de protesto e alertando sobre o crescimento midiático do conservador Peter Cole, garantindo assim a estratégia para a eleição de Ravasi.

Francis Ballard, por sua vez, ascende de bispo pesquisador a uma posição de destaque na hierarquia britânica. Tendo trabalhado anteriormente com Pizzardo e Fossatti nos estudos de viabilidade do concílio, ele é nomeado por Leão XIV para assumir a Arquidiocese de Westminster, substituindo Peter Cole, que fora trazido para Roma. Sua importância intelectual se consolida quando o papa o convoca para revisar e finalizar a encíclica Renovatio Ecclesiae, unindo o texto às diretrizes do Concílio de Veneza, onde ele se senta ao lado do pontífice como uma figura chave da reforma.

O padre Angelo, secretário pessoal de longa data de Ravasi, destaca-se por sua lealdade inabalável e por um pavor cômico de avião, servindo como um confidente íntimo que encoraja o cardeal nos momentos de dúvida e acaba assumindo a função oficial de secretário particular do pontífice, superando seus próprios medos ao longo da trama. Em contraste, o padre Amadeo representa a juventude e a competência diplomática; fluente em quatro idiomas, ele é inicialmente deixado em Veneza por sua certeza prematura na eleição de Ravasi, mas sua ansiedade o leva a viajar por conta própria para a Praça de São Pedro, onde se junta a Angelo como colaborador próximo no Vaticano, participando de jantares privados e momentos de oração ao lado do novo papa.

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